De acordo com a Deliberação nº 549 da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), de 10 de Setembro de 2008, se torna obrigatório o
rodízio de firmas de auditoria a cada cinco anos, a partir do ano de 2012.
O rodízio de empresas de auditoria é um tema muito
polêmico em todo o mundo, existem diversos defensores e opositores a tal
prática, mais é certo que ele afeta toda uma relação comercial e profissional
dos auditores para com as empresas auditadas.
Oliveira; Santos (2007) apontam que países como Áustria, Itália e Índia adotam
a obrigatoriedade do rodízio das firmas de Auditoria para as empresas que
possuem ações negociadas na bolsa de valores, porém existem países que adotavam
o rodízio de empresas e acabaram abandonando tal prática como é o caso da
Espanha e do Canadá.
Os órgãos reguladores da auditoria vêem o rodízio
como uma forma de assegurar maior independência e ética aos auditores.
De acordo com a resolução 1.267/09 do CFC, para que
se caracterize a independência por parte do trabalho do auditor, é necessário
que esta seja levada ao pé da letra, ou seja, os interesses do profissional não
podem em nenhum momento se tornar comum aos interesses da entidade, a ponto de
haver falta de integridade e objetividade na realização de seu trabalho.
A perda da independência ocorre a partir do momento
que essa “distância” entre auditor e entidade auditada deixa de existir, seja
por interesses financeiros diretos, quando este parte diretamente da pessoa que
está realizando o trabalho, ou com interesses financeiros indiretos, quando o
interesse parte de alguma pessoa ligada ao profissional de auditoria para com a
entidade auditada.
Situações que levaram a perda de independência por
parte do auditor já puderam ser observadas em diversos escândalos contábeis,
entre eles o da famosa companhia de energia Enron e do banco norte americano
Lehman Brothers.
Oliveira;
Santos 2007 em seu estudo sobre o rodízio das firmas de auditoria no Brasil
relatam que esta prática tem “[...] como objetivo a preservação da independência
do auditor e a diminuição dos erros contábeis e fraudes relacionados ao
processo de auditoria das demonstrações contábeis [...]”
Outros autores favoráveis a rotatividade obrigatória
de firmas de auditoria colocam que longos mandatos aumentam a intimidade entre
profissional de auditoria e cliente, reduzindo assim a independência. DEFOND E
FRANCIS, 2005; GEIRGER e RAGHUNANDAN, 2002; NAGY, 2005 citados por OLIVEIRA e
SANTOS (2007)
Os defensores do rodízio de forma geral alegam que
uma entidade tendo por longos períodos suas demonstrações auditadas pela mesma
empresa, pode acarretar em relações estreitas, afetando a sua independência
através da diminuição da crítica do auditor em seu trabalho.
Para muitos o rodízio de empresas nada ajuda na
manutenção da independência do auditor, pelo contrário aumenta os riscos de
erros na auditoria.
Aqueles
que se opõe ao rodízio periódico defendem que a qualidade da auditoria
não decorre apenas da independência, que teoricamente aumentaria com a troca de
empresas de auditoria, mas envolve outros fatores como o
conhecimento específico sobre o cliente, diminuído
quando ocorre a mudança de empresa. DEANGELO, 1981; JOHNSON, 2002 e MYERS, 2003
citados por AZEVEDO e COSTA (2008)
Segundo o artigo de Fregoni; Torres (2011) publicado
no site Portal de Auditoria "O Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (Ibracon) também não concorda com a rotação de firmas e fará todos os
esforços possíveis nessa discussão", afirma a presidente do órgão, Ana
María Elorrieta, ao ser questionada sobre o assunto. Para ela, além de não
haver ganho com a troca, a mudança de auditoria expõe novos riscos, já que o
auditor começa o trabalho "a partir de uma página em branco".
Na pesquisa divulgada na Revista Contabilidade &
Finanças em dezembro de 2007 efetuada pelos pesquisadores Alexandre Queiroz de
Oliveira e Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos intitulada: Rodízio de
firmas de auditoria: a experiência brasileira e as conclusões do mercado, os
pesquisadores chegaram a conclusão de que o rodízio não interfere na questão da
independência do auditor, sendo que a auditoria não está livre de que ajam
erros, fraudes ou substituições nas empresas de auditoria, até mesmo com a
adoção dessa prática.
Apesar de termos diversas pesquisas que retratam o
impacto trazido pelo rodízio das empresas de auditoria, e diversas delas
mostrarem que não há impactos significativos, os argumentos trazidos pelos que
são favoráveis são extremamente consistentes e nos levam a pensar sobre o
assunto. Afinal, o rodízio das empresas de auditoria irá ajudar na manutenção
da independência dos auditores? Trará ao mercado mais confiança no trabalho dos
auditores? Como teremos certeza de que todos os pontos tratados pela resolução
1.267/09 estão realmente sendo atendidos?
REFERÊNCIAS
AZEVEDO,
Filipe. COSTA, Fabio Moraes da. Efeito
da troca de firma de auditoria no gerenciamento de resultado
das companhias abertas brasileiras. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE
PÓS GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS CONTÁBEIS. 2., 2008, Salvador (BA) Anais...
Salvador: ANPCONT, 2008.
COMISSÃO
DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM
nº 549/08. Rotatividade dos Auditores
Independentes. 10 de set. de 2008.
Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/>
Acesso em: 26 mar. 2011
CONSELHO
FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC
nº 1.267/09. Aprova a NBC PA 02 – Independência. Brasília-DF, 10 de dez. de 2009. Disponível
em: <http://www.cfc.org.br>. Acesso em: 26 mar. 2011.
MARTINEZ,
Antônio Lopo; REIS, Graciela Mendes Ribeiro. Rodízio de auditores e o gerenciamento de
resultados. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA
E CONTABILIDADE, 10., 2010, São Paulo (SP). Anais... São
Paulo: USP, 2010.
OLIVEIRA,
Alexandre Queiroz de. SANTOS, Neusa Maria Bastos Fernandes dos.
Rodízio de firmas de auditoria: a
experiência brasileira e as conclusões do mercado. Revista Contabilidade e Finanças. São Paulo. v. 18. no.
45. set/dez 2007.
TORRES,
Fernando. FREGONI, Silvia. Portal de Auditoria. CVM fecha cerco aos auditores. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/ler_noticia.asp?id=48&a=CVM%20fecha%cerco%20aos%20auditores>
Acesso em: 26 mar. 2011.
Autoras da postagem: Graselene Lindner e Lilian Frainer
O rodízio das empresas é muito importante para garantir a independencia dos auditores, que ao passar dos anos poderão deixar de observar práticas adotadas pela empresa por já as conhecer.
ResponderExcluirIsso poderá ser desfavorável e trará menos confiabilidade à auditoria.
O rodízio acaba sendo não apenas para dirimir dúvidas quando às auditorias anteriores, mas também para cessar com um vínculo que muitas vezes levam à uma perda de independência para com a auditada.
ResponderExcluirConcordo com a idéia do rodízio, por mais que as pesquisas concluíram que a independência não é afetada, acredito que o rodízio é uma forma de precaver futuros acontecimentos que podem ocasionar a perda de independência. Com o tempo por mais íntegra, objetiva e transparente, as entidades de auditoria podem criar vínculos com a entidade auditada.
ResponderExcluirTambém concordo que deve-se fazer rodízio de empresas de auditoria, porque com o passar dos anos é normal que não se observe determinados itens, e com isso muitas coisas podem passar despercebidas.
ResponderExcluirNo meu entendimento o rodízio de empresas de auditoria é de suma importância, pois com o passar do tempo a entidade auditora pode desenvolver certo grau de dependência com a entidade auditada, assim prejudicando o seu trabalho e os resultados que são de grande valia a entidade auditada.
ResponderExcluirEsse procedimento faz com que não tenha formas de se esconder fraudes nas demonstrações contábeis das empresas. Sou totalmente a favor, para que não haja nenhuma espécie de vinculo entre a organização e as empresas que prestam serviços de auditoria.
ResponderExcluirVárias vantagens estão associadas a permanência de uma mesma auditoria na empresa, uma delas é proporcionar maior conhecimento do ambiente por parte dos auditores, ocasionando também ganhos em termos de agilidade e qualidade de suas análises.
ResponderExcluirO rodízio pode ocasionar uma perda na qualidade de seus serviços, pois uma empresa de auditoria demora pelo menos 3 anos para conhecer os controles internos da empresa auditada.
É preciso analisar os prós e contras do rodízio de empresas de auditoria. Como a Patrícia comentou, o grande benefício de manter a mesma empresa está no fato dos auditores conhecerem bem a empresa e seus controles internos, o que torna o serviço mais ágil e confiável. Por outro lado, uma relação de longa data pode ocasionar a perda de independência da empresa de auditoria. Acredito que o rodízio é uma boa forma de evitar que isso ocorra. Além disso, uma nova auditoria pode identificar falhas, que a anterior não foi capaz de perceber, justamente pelo desconhecimento que implicará na aplicação de testes mais minuciosos.
ResponderExcluirConcordo também com o rodizio de empresas de auditoria, elas podem encontrar erros ou falhas que a mesma empresa que vem auditando não encontra pelo fato do tempo que ja esta trabalhando acabam deixando de observar certos itens, fazendo com que muitas coisas passem despercebidas, acarretando assim em erros.
ResponderExcluirÉ importante o acontecimento do rodízio de empresas de auditoria, isso traz benefícios a empresa que será auditada, pois um auditor que possui anos auditando aquela determinada empresa, adquiri vícios ao longo do tempo, pelo fato de conhecer a empresa, o rodízio faz com que isso não aconteça, trazendo maior confiabilidade para a auditoria também.
ResponderExcluirO rodízio de firmas de auditoria foi introduzido no Brasil por ocasião dos escândalos corporativos de instituições financeiras na emissão das demonstrações contábeis e adotado pela CVM – Comissão de valores Mobiliários às empresas registradas na Bolsa de Valores do Brasil. Tendo como objetivo a preservação da independência do auditor e a diminuição dos erros contábeis e fraudes relacionados ao processo de auditoria das demonstrações contábeis, o rodízio de firmas é um assunto polêmico, pois afeta a relação comercial e profi ssional dos auditores com seus clientes bem como toda a estrutura de mercado das fi rmas de auditoria.
ResponderExcluirdisponível em:http://www.scielo.br/pdf/rcf/v18n45/v18n45a09.pdf
Concordo com o rodízio de empresas de auditoria, o auditor deve ter independência com a empresa. Com o passar do tempo, mesmo não querendo, acaba criando vínculos de amizade com as pessoas mais próximas que trabalham na empresa auditada, isso não é bom.
ResponderExcluirPor isso a importância do profissional da contabilidade estar bem preparado, com muito conhecimento, facilitando seu trabalho no rodízio de empresas.